RESENHA: Educação, Escola e Docência de Mario Sergio Cortella


    Para inaugurar a seção Resenhas do blog, escolhi começar com Mario Sergio Cortella, o filósofo e escritor muito querido por muitos profissionais da Educação. Educação, Escola e Docência - Novos tempos, novas atitudes é um livro bem interessante para nos situarmos no que deve ser a escola do século XXI, esta na qual estamos trabalhando. Boa leitura!

    Conheci o Cortella na faculdade durante o curso de Pedagogia. Os professores traziam vídeos em que o filósofo comentava sobre os rumos da Educação Brasileira. Ao ingressar efetivamente na carreira, vários colegas de profissão compartilhavam mídias e mensagens do autor. Algumas considerações eu acatei, outras, sempre questionei. As opiniões a respeito do discurso de Cortella eram bem divergentes. Há quem o considera um grande mensageiro da realidade educacional do país e outros que o criticam dizendo que seus discursos são utópicos e pregam uma Educação ainda distante de nossos padrões. Para ter minhas próprias conclusões, resolvi  então lê-lo e hoje tenho minha própria posição a partir do que li e avaliei.
   
Para quem ainda não o conhece...



    Nascido em Londrina, interior do Paraná, na juventude experimentou a vida monástica em um convento da Ordem Carmelitana Descalça, mas abandonou a perspectiva de ser monge para seguir a carreira acadêmica. Concluiu sua graduação em 1975 na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira. Em 1989 concluiu seu mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sob a orientação do Prof. Dr. Moacir Gadotti, e em 1997, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Freire, conclui seu doutorado também em Educação pela PUC-SP.
    É professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e de pós-graduação em Educação da PUC-SP, na qual está de 1977 a 2012, além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral, desde 1997, e o foi no GVPec da Fundação Getúlio Vargas, entre 1998 e 2010.
    Ocupou o cargo de Secretário Municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), durante a administração de Luiza Erundina, e foi membro-conselheiro do Conselho Técnico Científico da Educação Básica da CAPES/MEC (2008/2010).  (Fonte: Wikipédia).

O livro, a obra


    Educação, Escola e Docência - Novos Tempos, Novas Atitudes é bem recente. A edição é de 2014 então traz pensamentos e colocações bem atuais. Com uma linguagem bem leve, simples e muito acessível é possível deslanchar na leitura refletindo bastante. O livro é dividido em treze capítulos além da Introdução e Conclusão.
    Cortella não faz deste livro um artigo acadêmico, uma tese de mestrado ou qualquer outro texto de divulgação científica. É leve. Como se em uma aula faz comparações com situações do cotidiano, simula diálogos e entre outras coisas que chama o leitor para perto.
    No início do livro o autor coloca situações problemas que a escola vive hoje: os diversos momentos graves, os conflitos das gerações, as "queixas pedagógicas" dos professores e mais alguns desafios pertinentes que assolam a carreira docente atual. Os momentos graves, Cortella sugere que sejam vistos como momentos grávidos, ou seja, apesar da gravidade a situação pode ser útil para o avanço, para o progresso. Momentos grávidos servem para aprendermos.
    Gosto muito dos trechos em que o filósofo traz os conceitos de Paciência histórica, Paciência pedagógica  e Paciência afetiva que segundo o próprio, eram conceitos bastantes insistidos pelo seu orientador Paulo Freire. Paciência histórica é uma habilidade de "saber ver o momento em que as coisas acontecem e observar se estão suficientemente maduras para serem mexidas",e por sua vez, paciência pedagógica "significa que a capacidade de observar que as pessoas tem processos distintos de aprendizagem e de ensino, que os alunos, os colegas de profissão vivem momentos diferentes". Paciência afetiva "é a capacidade de amorosidade que precisa o tempo todo cobrir qualquer ato pedagógico, de maneira que não se incorra na agressividade ou na ruptura do padrão de autonomia e liberdade que alguém carrega. Paciência afetiva é olhar a outra pessoa como outra pessoa e não como alguém estranho".
     Apesar de parecer meio clichê e cansar, talvez, os ouvidos de alguns profissionais da educação, estas palavras ainda devem ser ditas pois realmente é muito necessário que os educadores da atualidade tenham estas "paciências" em mente durante o trabalho.
     Cortella também faz uma figuração interessante dos professores. Ele mostra a figura do Professor Arrogante: aquele profissional que se coloca seguro demais, já sabe de tudo, conhece os melhores métodos, resistente à intervenções e formações no seu trabalho e que o que dá de errado em suas aulas são os alunos de agora porque os de antigamente não eram desta forma. Criando este arquétipo (muito presente em diversas escolas, devo confessar!), o escritor explica também a importância da Humildade pedagógica, ou seja, se entendemos que Educação é uma ciência humana e que lida com conhecimento e o conhecimento histórico-social está sempre propício a mudar, nós enquanto professores devemos saber que nossa formação nunca estará completa. Não vamos desperdiçar o que aprendemos, mas vamos agregar novos conhecimentos para aperfeiçoar nossa prática e melhor atender às demandas que temos agora.
       Ao longo dos capítulos, várias questões evidentes de nossa sociedade são colocadas em jogo e relacionadas ao cotidiano escolar. Dos conflitos das gerações ao modelo de família e convivência social de hoje, Cortella vem fazendo-nos entender que a Educação não está perdida mas pede um arranjo maior de habilidades do professor. No entanto, a responsabilidade não é toda por conta dos docentes. A parceria entre família e escola é imprescindível. No capítulo 12, "Valores ensinados e a turma do Bem", o autor destaca muito bem a importância e relevância desta parceria.
     E para encerrar, Mario Sergio conclui muito bem seu livro com algumas questões do tipo: hoje somos o presente construindo o passado do futuro. E qual passado estamos construindo para daqui a algumas décadas? Com uma mensagem positiva, encerra a obra fazendo-nos pensar bastante sobre nossa profissão. E realmente, qual tipo de referência seremos daqui a vinte anos? 

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    Bem, acho que escrevi bastante! Hahaha. Eu gostei muito do livro e entendi o que Cortella tem para contribuir. Muito político nas palavras, o filósofo toma cuidado para não contrariar ninguém. A leitura é muito válida e pode ser daquelas inspiradoras quando estamos desmotivados ou encontramos um colega ou grupo assim. Super recomendado! 


EDUCAÇÃO, ESCOLA E DOCÊNCIA - Novos tempos, novas atitudes
Mario Sergio Cortella
Cortez Editora
R$ 23,40 na Amazon



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Espero que tenha gostado!
Esses e outros abraços.

2 comentários

  1. Olá, boa tarde! Li sua resenha e achei muito interessante, porque gosto muito do filósofo Mário Sérgio Cortella, mas ainda não li este livro. A resenha traz uma boa compreensão do livro, muito obrigada por contribuir com um material bem conciso! Abraços Elizabeth

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