REFLEXÃO: Professor tem idade?


Para dar vida e início ao conteúdo do blog, elegi como tema para um dos primeiros posts a idade dos professores. Talvez seja um tema óbvio ou considerado nem tão importante para a discussão sobre educação, mas interessante para se abrir uma reflexão sobre este fator: idade.
Talvez você possa estar se perguntando o porquê abordar este tema, então logo me justifico: sou um profissional novo, tanto na idade como na profissão, e este aspecto pode causar dúvidas e incertezas a respeito da minha postura e dos meus argumentos a respeito do ensino e da aprendizagem. Então, vamos lá!

Como toda e qualquer profissão a docência elenca diversos tipos de profissionais com as mais variadas condutas, formações, posições sociais, gêneros e idade. No ambiente da educação pública é muito comum vermos um grupo bem heterogêneo composto por profissionais de diversas faixas etárias. Temos adultos bem jovens, de “meia-idade” e até de idades mais avançadas. No entanto, existe um questionamento que pode ser destacado: Idade é sinal de experiência?
Não conseguirei me aprofundar no universo de outras profissões, mas nesta em pauta posso afirmar que não. Não existe uma idade limite para se ingressar na educação. Exemplos de pessoas que abandonaram qualquer outra área para somar ao grupo de professores não faltam. Uns entram na carreira para conquista profissional mesmo, outros pelo interesse na carga horária ou benefícios (ainda que poucos, devo dizer) que o magistério garante e entre tantos outros motivos. Ou seja, basta a licenciatura e o sucesso no concurso ou entrevista e já se torna docente. Não quero dizer aqui que a Educação atrai a qualquer um e sim que ao nível que estamos, Educação é um mercado acessível a qualquer pessoa que possui o mínimo necessário. Estas considerações sustentam a minha afirmação de que idade não é sinônimo de experiência ou que garante uma eficaz postura profissional.
Como disse na introdução do post, sou um profissional novo nos dois âmbitos: idade e carreira. E como todos sabem, muitas vezes o fato de ser “novo” pode gerar incertezas e inseguranças. Assim como o professor com menos tempo de sala de aula. Não digo de experiência porque a considero um fator relativo. Por quê? Porque a experiência é característica individual de cada um. Há profissionais que com pouco tempo de regência conseguem vivenciar diversas situações de aprendizagem e amplia muito seu repertório, por outro lado há outros que necessitam de um tempo maior. É o famoso dizer: cada um tem seu tempo. Se dizemos isto quando nos referimos aos alunos, devemos aplicar a nós também!
O que rompe com esse paradigma de idade e experiência é a formação pedagógica. Ser experiente, ter diplomas super renomados e/ou colecionar especializações (pós-graduações e etc.) não garante uma boa formação. Temos aí alguns grupos de professores de longa data, de anos de casa e que já vivenciaram muitos momentos da educação brasileira. Assistiram às mudanças de métodos, aplicação de novas teorias e concepções pedagógicas e possuem muito a acrescentar aos profissionais ingressantes. Muitos aceitaram as novidades: acrescentaram novos procedimentos às suas práticas e procuram dialogar com o modelo educacional que a atualidade pede. Outros se mantiveram da mesma maneira, foram (e são) resistentes a todo esse processo de mudança. Não porque quiseram, talvez, mas pela falta de formação com a qual as redes de ensino deveriam ser responsáveis ou pela dificuldade na busca de novos conhecimentos (que muitas vezes, as fontes são difíceis de ser encontradas ou levam muito tempo até chegar nas escolas). Estes fatos, tristes, comprometeram a formação pedagógica destes profissionais que embora tenham uma longa jornada nas escolas estão sofrendo cada dia mais com os desafios sem tamanhos que as escolas públicas do século XXI estão trazendo.
A formação pedagógica que enfatizo não se limita à lista de atributos que determinada pessoa possa ter e sim a maneira como ela adquire novos conhecimentos e articula-os com sua prática, com seu dia-a-dia na escola. O estudo é sempre o melhor caminho para se alimentar esta formação, seja ele em qualquer modalidade: leituras, cursos, discussões, congressos, etc. Pois quando a formação pedagógica do profissional é rasa, possivelmente, ele aplicará em seu trabalho os métodos que foram aplicados com ele e que muitas vezes não garantem qualidade e estão mais vulneráveis ao erro. Não estou dizendo que devemos abrir mão de nossas experiências já vividas, o que digo é que quando reproduzimos uma aula ou atividade que foi aplicada conosco, possivelmente não paramos para analisá-las a fundo pois temos a ideia de que se deu certo com a gente, dará com os alunos também. Mas nada impede de aplicarmos uma boa atividade que algum professor nos ofereceu se soubermos com clareza os objetivos e propósitos daquela intervenção. Quando não exercemos este procedimento de refletir e analisar e já aplicamos,podemos estar mais propícios as falhas e aos questionamentos pedagógicos.
Portanto, quanto maior a formação pedagógica do professor pautada em bons métodos e práticas, quanto maior o exercício de analisar, refletir e avaliar, melhor será o resultado de seus trabalhos. E para tanto não há arquétipos ou rótulos que lhe caibam: seja um professor jovem ou não, com anos ou meses em sala de aula o que lhe dá credibilidade e qualidade no trabalho é a formação pedagógica que possui. Formação esta, que devemos sempre lembrar: nunca está concluída; está sempre sendo alimentada com o cotidiano e com a busca de novos conhecimentos a partir das necessidades e desafios encontrados durante o trabalho.

E então, será que professor tem idade? Você se identifica com algum tipo de profissional mencionado no texto? O que pensa sobre isso?
Compartilhe sua opinião e vamos ampliar cada vez mais a nossa formação pedagógica. (Hahahahaha!)
Para saber mais sobre o perfil dos professores leia a Pesquisa Internacional do Perfil de Professores e Diretores divulgada em 2014 no portal do INEP clicando aqui.
Espero que tenha gostado e até semana que vem com um post bem interessante aos professores iniciantes e aos futuros docentes!
Esses e outros abraços

Nenhum comentário