8 dicas importantes para professores iniciantes



Muitas dúvidas cercam quem está começando a carreira no magistério. Para dar uma ajuda, seguem oito dicas que podem auxiliar neste início permeado de tanta ansiedade e insegurança.
Olá, queridxs! As dicas deste post são conclusões minhas a partir da minha carreira docente. Para quem já está há algum tempo na profissão, a maioria das dicas podem não ser novidade, mas pra quem tá fresquinho (como já ouvi), alguns toques podem fazer a diferença. Boa leitura!




1. Tenha o/a coordenador/a pedagógico/a como grande parceiro
Uma dica, talvez um tanto óbvia, que não pode ser ignorada. Para quem está se iniciando na docência, em qualquer que seja o segmento, a parceria com o CP (sigla comumente usada para os coordenadores pedagógicos) é de extrema importância. Por quê? Porque ele deve ser o responsável pelo “caminho” pedagógico que a escola deve seguir. O CP é o membro da gestão escolar (antes chamada de diretoria) que fica responsável pela formação profissional e continuada dos docentes e pela qualidade do trabalho aplicado aos alunos daquela instituição. Portanto, é de suma importância que ao chegar na escola, o professor iniciante se aproxime desta figura e sempre mantenha contato nos momentos formativos e de planejamento. Mas é importante esclarecer alguns mitos e funções do CP. Tentarei ser breve.
Muitas vezes o CP é um professor que trás consigo uma experiência e ocupa o cargo para dar o apoio necessário aos alunos e docentes na escola. Mas esta informação não pode ser generalizada. Ocorre também de o CP não ter tido muitas experiências em salas de aula e ocupa o cargo por conta do sucesso em concursos públicos, convites, projetos e etc. Isso não quer dizer que se foi ou não professor, este gestor terá maior ou menor competência. Tudo depende da formação pedagógica que o profissional possui. Sobre esse assunto, você pode ler mais aqui.
As atribuições do CP são diferentes das dos demais membros da gestão (diretores, vice-diretores, etc.). O CP lida diretamente com o que está relacionado ao ensino e à aprendizagem, com teorias e práticas. Então, traga suas dúvidas relacionadas ao desempenho dos alunos, organização das suas aulas, métodos e maneiras de trabalhar os conteúdos e etc. Caso seu CP tenha dúvidas, não o veja como inapto, possivelmente ele buscará junto contigo respostas e alternativas para solucionar os problemas. CPs também podem ajudar na mediação de conflitos e reuniões entre famílias e professores. É interessante verificar as atribuições do CP na rede de ensino onde trabalha, pois elas podem variar de rede para rede, mas de uma maneira geral e segundo estudos, a principal função deste profissional é proporcionar formação pedagógica dentro da unidade de ensino de acordo com as necessidades que surgem de modo a facilitar a rotina dos professores e promover o conhecimento dos alunos.
2. Conheça o perfil da escola
Cada escola possui sua realidade, suas potencialidades e dificuldades. Todos devemos saber disso, então é imprescindível que o professor ingressante conheça o perfil, a identidade da escola onde começará a lecionar. É interessante evitar trazer à tona as expectativas que são criadas a partir das experiências pessoais que se tem sobre escolas. Possivelmente a realidade do lugar onde o professor dará suas aulas é diferente da realidade que teve enquanto foi aluno ou pai/mãe do mesmo. Hoje temos comunidades bem distintas umas das outras e a maneira como a escola é vista e interage por e com elas faz diferença.
As informações mais detalhadas sobre a comunidade que é atendida naquela unidade de ensino deve constar no PPP (Projeto Político Pedagógico) que é o documento em que consta todo o funcionamento da instituição. O PPP deve ser revisado todo ano em momentos proporcionados pela equipe gestora. Ele é acessível a todos os membros da comunidade escolar, portanto, será muito colaborador se o professor recém-chegado pedir para ler o PPP. O documento é um pouco extenso, então fica válida a leitura dos tópicos que os gestores indicarem.
É importante também saber a concepção (como a escola vê a educação) e a proposta (como a escola coloca em prática essa educação) pedagógica. Quais teorias de aprendizagem norteiam os processos de ensino-aprendizagem? Construtivismo? Sócio-interacionismo? “Tradicional”? Saber disso, pode deixar o planejamento bem mais claro e dentro dos objetivos que a escola proporciona.
3. Nunca tenha medo de perguntar
A rotina dentro da escola e frente a uma turma de alunos sempre é intensa. Quando se está iniciando na carreira de professor, é comum ficar um pouco desorientado com alguns procedimentos (pois afinal são tantos!). As dúvidas nunca chegam de uma única vez, vão surgindo conforme os dias. Por estas e outras: nunca deixe morrer uma dúvida! É ela que faz os profissionais avançarem. Todos os professores possuem dúvidas, mesmos os mais experientes e mais formados. Tirar dúvidas com os gestores não subtrai a competência, pelo contrário, deve mostrar interesse. Mas claro, uma avalanche de perguntas de uma única vez pode confundir ainda mais. Uma boa pedida é agrupar as dúvidas de um mesmo assunto. Por exemplo, tirar um momento com o CP para apresentar as dúvidas sobre produção de texto; ou com a direção para esclarecer algumas questões administrativas como horários, folhas de ponto e etc. Muitos benefícios podem ser descobertos e mitos e “verdades perigosas” podem ser esclarecidos com esta atitude. Portanto, pergunte!
4. Tenha parcerias com os colegas da equipe
Possivelmente ao assumir uma turma ou grupo de alunos, o professor iniciante terá algum ou alguns parceiros para trabalhar de maneira conjunta. Essas parcerias podem se dar por serem professores de um mesmo ano ou ciclo (antigas séries), ou mesmas áreas do conhecimento (disciplinas/matérias) e outros diversos fatores. Compartilhar experiências é uma das práticas de formação profissional mais eficientes que a educação possui. Há muitos métodos e atividades que não se encontram em livros, sites ou blogs. Por isso a troca entre professores é tão útil e válida. É ideal para os professores iniciantes estas situações: observar o trabalho dos colegas – quando possível -, pedir sugestões e outras coisas. Mas, atenção! A maneira como um professor trabalha com a turma dele, não necessariamente funcionará com uma outra. É preciso sempre estar atento a isso. Como sempre se ouve: não há receitas para bons resultados. O que se tem são investigações, propostas e muitas análises. Recomendável é procurar por práticas que têm gerado bons comentários pelos demais professores.
5. Cative seus alunos
Também um dica óbvia, mas de uma importância gigantesca. É de se esperar que quem ingressa na educação nos dias de hoje é movido por um gosto muito especial pela profissão, então, talvez dizer essa dica seja tão superficial. Mas ainda ressalto: os alunos precisam ser apaixonados pelos seus professores. Este fator facilita muito. Tanto na aprendizagem como na disciplina e comportamento deles. Estabelecer uma relação de confiança e afeto é garantir bons dias durante este tempo em que convivem juntos. Claro que é preciso criar limites para todas situações. Mas é mais fácil respeitar quando se é respeitado. Quando os alunos se identificam com o professor, sabem porquê ele está ali e o que ele pode oferecer os objetivos podem ser alcançados com maior êxito.
É importante entender o conceito de disciplina que se tem hoje, porque os pensamentos das escolas atuais mudaram muito. Disciplina não é apenas o silêncio na sala, a ordem na fila e as poucas brigas. Hoje se usa muito o termo “gestão de sala” ou “gestão de aula”. Ser um gestor de aula ou sala é saber gerenciar todos os procedimentos necessários durante a rotina escolar: propostas das atividades, tempo de execução, organização do espaço e dos alunos, combinados e regras de convivência, mediação e solução de conflitos e muito mais. Ter gestão de sala não é apenas ser bravo, não é “controlar” os alunos. Gerenciar um grupo de alunos é conduzi-los da melhor maneira para aprender o que é necessário. É saber o momento de iniciar, de parar e de intervir. As revistas de educação oferecem diversas matérias, reportagens e suporte para esta questão.
Um grupo de alunos que admira e gosta de seu/s professor/es aceita muito fácil as atividades, as propostas e os projetos e consequentemente aprende mais.
6. Evite os rótulos
Geralmente alguns alunos e/ou grupos de alunos possuem uma certa “fama” dentro da escola. São os alunos bons e os difíceis. As inclusões e os que “devem ter alguma coisa”. Este é um hábito comum entre os educadores que, ás vezes pode ajudar, mas também prejudicar.
Ao chegar na escola, o professor iniciante pode assumir uma turma de alunos e possivelmente alguém trará algumas informações dos históricos dos alunos ou mesmo do grupo. É preciso ter cautela em acolher essas informações pois os “rótulos” podem variar de profissional para profissional. Os alunos apresentam condutas de acordo com a forma como são tratados e o comportamento da turma pode ser bem diferente entre um professor e outro. Por isso o melhor é que o professor iniciante tire suas próprias conclusões. A investigação não é desaconselhada, pelo contrário, mas é preciso ter critérios buscar as informações. Consultar relatórios, coletâneas das atividades, conversar com as famílias e orientações da equipe gestora é o melhor caminho. As orientações do professor anterior – se houver este – não devem ser descartadas, mas será a constatação do atual professor que valerá ao final do bimestre/trimestre ou ano. Para ajudar a conhecer melhor os alunos serve a próxima dica.
7. Sempre avalie seus alunos
A avaliação é o melhor instrumento para saber se os alunos de fato estão aprendendo. Avaliar não é apenas o ato de aplicar uma atividade ao fim de um período (bimestre, trimestre, semestre ou ano). As avaliações devem ser constantes a partir de uma rotina programada (seja ela organizada pela escola, se houver, ou pelo próprio professor). É recomendável avaliar antes de se aplicar um determinado conteúdo (a chamada avaliação diagnóstica para saber o que os alunos já sabem sobre aquele assunto), depois do conteúdo aplicado e durante a execução de exercícios e para concluir os estudos (verificação do que e e como aprenderam). Nas práticas antigas avaliar era constatar se o aluno aprendeu ou não. Hoje a educação preza a avaliação como instrumento facilitador durante o processo de ensino: é possível perceber as dificuldades que os alunos possuem a respeito do conteúdo e planejar atividades que os auxiliem. Isso mostra a preocupação e o profissionalismo do professor que identifica algumas dificuldades, trabalha para saná-las antes da conclusão de um período ou do conselho de classe.
Por isso, avaliar é tão fundamental quanto corrigir cadernos. Os exercícios nos cadernos também servem para avaliar, mas não permitem análises mais aprofundadas já que os momentos de correção acontecem junto aos alunos. Já as avaliações em folhas separadas permitem ao docente estudar os resultados nos momentos de planejamento.
Para quem acaba de chegar e deve dar início imediato a aprendizagem, é imprescindível avaliar o que já fora estudado pelos alunos e saber como eles tratam as informações e as representam. Não espere muito e avalie! Ah, e as avaliações não precisam ter gosto de provas… Estabelecer um período entre semanas e quinzenas é outra dica.
8. Tenha referências teóricas
Bem, esta última dica eu pouco ouvi. Acabei eu mesm concluindo e a coloco como última dica deste post. As práticas educativas geram muitas discussões e debates sobre quais métodos são realmente mais eficazes (alfabetizar a partir da psicogênese da escrita ou do tradicional, por exemplo). Todos defendem com muito rigor seus pontos de vistas. Acredito que o melhor método é aquele em que os alunos conseguem aprender. Mas hora e outra a profissão docente nos deixa perdidos. Muitas vezes ficamos frustrados e tudo parece não fazer sentido. Para voltar ao caminho é interessante que se tenha alguma “fonte de inspiração”, ou melhor, fonte de formação. De acordo com o que o professor iniciante acredita é legal que tenha algum livro, artigo ou documento sempre acessível que sirva para este redirecionamento. Alguns estudiosos e analistas de educação são fundamentais para uma boa formação e para um “resgate” de ideias.
O professor deve ter em sua estante ou armário textos que justifiquem a sua visão de educação. Por isso, procurar ler  – dentro das possibilidades – o que os formadores indicam auxilia muito. Amplia muito a experiência e a formação pedagógica e consequentemente deixa seu trabalho com mais qualidade e mais prazeroso. Na seção “Estante” do blog eu disponibilizo as minhas referências. As obras que servem de referência são aquele fôlego que a gente precisa quando temos muitas dúvidas sobre um determinado tema. Por isso, colecione devagar aquilo que considerar coerente e significativo!

Bem, pessoal, é isso aí. É claro que há muito mais o que dizer e aconselhar, mas ainda haverão muitos outros posts sobre o tema. Estas são dicas que eu, enquanto CP, aconselharia meus professores, então pode ser que sirva e ajude muita gente, pois eu me lembro bem quando comecei (e não faz muito tempo!).
Conto com a participação e a opinião de todos.
Esses e outros abraços!
Até.

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