Seguindo a proposta para o mês de Novembro, o Desordem Natural continua com a série de posts ESPECIAL AFRICANIDADES. Nesta segunda parte, cinco sugestões de atividades foram reunidas para aplicar com os alunos até o fim do mês. O grande objetivo dessas práticas é a valorização da cultura afro-brasileira. Atividades em sala, jogos, músicas e dinâmicas para compor o planejamento, enriquecer algum projeto e ampliar o repertório dos profissionais da Educação. Boa leitura!
Por mais que falamos e buscamos ainda há pouco material de fácil acesso para trabalharmos as relações étnico-raciais na escola, especialmente quando o assunto é afrobrasilidades e africanidades. Os livros didáticos ainda carecem de conteúdos mais reflexivos sobre a questão. Para tanto, investiguei alguns materiais a que tive acesso e produzi esta lista com as atividades abaixo. Um dos grandes objetivos deste blog é a ampliação de repertório.
Sei bem como estão nossas cabeças nesta época do ano (reta final com mostras pedagógicos, conselhos de classe, fechamento de notas e etc), por isso as atividades abaixo são um pouco mais concisas. Ao final do post, é possível encontrar as fontes de onde retirei o conteúdo para quem quiser se aprofundar mais na questão. Vamos lá, então?
1. Canção "ÁFRICA" - Palavra Cantada
Agora, confira os procedimentos nesta sugestão do projeto A cor da cultura:
Atividade: arte africana usando lixa de parede ou papel com areia.
Materiais:
– folhas de lixa de parede
– giz de cera de várias cores
Como fazer:
Entregue a cada uma das crianças uma folha de lixa. Peça que desenhem
sobre a lixa uma cena, usando giz de cera. O professor pode
sugerir que reproduzam momentos do cotidiano, como brincar no
recreio, lanchar, fazer uma roda, dormir, representar a família etc.
Os desenhos podem ser bem simples. O lápis de cera deve ser pressionado
sobre a lixa para dar o efeito de um desenho das cavernas.
Depois de terminada a atividade, escolha algumas imagens de pintura
rupestre encontradas nos diversos países africanos e no Brasil
para mostrar para as crianças. Falar um pouco sobre esta arte que é
também uma forma de contar uma história.
Obs.: o professor deve fazer sua pesquisa sobre o tema.
Por que: arte, história, representações... Um dos nossos intentos,
com esta atividade, é que as crianças se percebam produtoras de
imagens e histórias.
Temas: África; símbolos; memórias.
Valores civilizatórios afro-brasileiros: ancestralidade — memória
— circularidade
3. Mapas do Brasil e África decorados
Relacionar o continente africano com nosso país deve ser uma reflexão muito proveitosa. Esta proposta do Projeto A cor da cultura é muito legal pois traz o uso de sementes e outros materiais que podem dar uma estética que possibilita diversas questões: O que temos em comum com a África? Por quê? Veja só como o projeto sugere:
Materiais:
- Sementes, folhas, areia, tinta colorida, tampinhas, recortes, grãos
(feijão, macarrão), pincéis, embalagens para recortar.
- 2 folhas de papel kraft grande (66 x 96) com os contornos dos mapas
da África e do Brasil desenhados — veja o desenho para fazer a reprodução
do contorno.
Como fazer: prepare os dois painéis em papel kraft com o contorno
dos mapas. Escolha dois grupos na turma. Cada um deles trabalhará
num dos mapas. Coloque os mapas no chão, no centro de cada
grupo. Deixe todos os materiais disponíveis para a decoração dos
mapas. Peça para os grupos decorarem os mapas com os materiais
fornecidos, de forma que fiquem bem coloridos e com textura para
mostrar a riqueza das culturas africana e brasileira. Durante a atividade,
converse sobre todos os valores que foram “trocados” neste
processo de imigração.
Tomando como base os mapas do Brasil e da África, fale sobre a vinda
dos escravos africanos. Mostrar, nos mapas, as regiões da África
de onde eles saíram e as regiões do Brasil onde aportaram. Falar um
pouco sobre esta imigração.
Por que: esta atividade favorece, ou pode favorecer, uma imersão
inicial nas relações Brasil–África, acionando e construindo
memórias (táteis, visuais, afetivas...).
Temas: África; diversidade humana; memórias; valores civilizató-
rios afro-brasileiros.
Valores civilizatórios afro-brasileiros: circularidade — memória
— territorialidade
4. Bonecas Abayomi
Uma herança cultural fantástica e que os alunos precisam conhecer! As bonecas abayomis registram a época da escravidão quando presos aos navios, as mães africanas preocupadas com suas crianças confeccionavam as bonecas a partir das barras de suas saias. Elas arrancavam as tiras de tecidos e com nós e tranças faziam os brinquedos para os pequenos. São sempre pretas e não possuem nenhuma costura. Abayomi vem do dialeto iorubá e significa "encontro feliz". Esta era uma das estratégias das mães africanas de acalentarem seus filhos. Esta atividade deve ser proposta para as crianças sempre abordando sua origem e seus significados. Presentar alguém com uma dessas bonecas é uma demonstração de afeto e carinho. Veja o passo-a-passo que o site Maped oferece e em seguida, há um tutorial em vídeo do canal da Elaine P. A. S. Lara. Simples, lindo e rico!
Agora, veja o vídeo:
- Todos em roda. Nos dois primeiros versos vão andar e dançar no sentido horário da roda.
- Na hora do "Salta! Gira" todos devem dar um salto e girar no lugar.
- No quarto verso, o nome de alguém será dito. Todos devem saber que se alguém ouvir seu nome durante a música deverá correr e sair da roda durante o "Zigue zigue zá".
- Quando cantamos "Guerreiros com guerreiros", um jogador vira de frente para o outro e simula uma luta.
- No "Zigue zigue zá" todos devem correr para outro lugar passando pelo meio da roda e quem teve seu nome dito deve fugir.
Oi, parabéns. Só uma dúvida: vc tem alguma referência bibliográfica da brincadeira Escravos de Jó, nessa "nova" versão ? Abraço
ResponderExcluirINCRIVEL!!! Eu sabia que existia outra versão, mas fiquei bem feliz ao saber a origem. Sempre achei a cantiga "Escravos de jó" muito submissa, sem representatividade. Guerreiros Nagô faz sentido! Sou grata por este conhecimento.
ResponderExcluirFiquei encantada com a página e as sugestões de atividades... Adorei conhecer a origem da cantiga "Escravos de Jó"...
ResponderExcluirSaudações a todos, todas e todes os educadores que pesquisam para levar o conhecimento às nossas crianças e jovens. Muito importante conhecer as fontes do que vamos transmitir, por mais louvável que sejam, as histórias da abayomi e do guerreiros nagô, não remetem a huma fonte segura.
ResponderExcluirSobre a verdadeira história das bonecas abayomi:https://www.conexaolusofona.org/bonecas-abayomi-por-que-a-origem-romantizada-dura-mais/
Sobre a brincadeira escravos de jó: https://super.abril.com.br/historia/jo-nao-tinha-escravos-e-ninguem-joga-caxanga/#:~:text=Mas%20a%20letra%20%C3%A9%20uma,o%20paciente%20J%C3%B3%20tivesse%20escravos.&text=Aparentemente%2C%20a%20letra%20foi%20t%C3%A3o,tempo%20que%20perdeu%20o%20sentido.
Faço um apelo a todes vocês, busquemos as fontes.
Muito importante todo mundo saber da verdadeira história da Abayomi
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