HORA DE VOLTAR: 5 dicas para o início das aulas que valem para o ano todo


   O retorno das aulas sempre chega com ansiedade e expectativa de que o ano que se inicia seja melhor que o anterior. Com certeza nossa prática educativa está mais aprimorada e os resultados das experiências anteriores nos fizeram refletir sobre quais caminhos seguir diante de uma nova jornada. O desafio será lançado mais uma vez e cá estamos nós, após um merecido descanso, para continuarmos na busca de uma Educação melhor para o País e qualidade de trabalho para todos os profissionais. O primeiro post de 2016 vem para dar fôlego às ideias que borbulham nas mentes dos professores deste ano e dar a largada a uma série de conteúdos que devem fazer a prática dos leitores ser aprimorada mais e mais. Espero que possa aproveitar as simples e úteis dicas listadas abaixo. Bom começo de ano e obrigado por estar, mais uma vez, em nosso time! Boa leitura.

   As papelarias anunciam seus novos produtos, as livrarias ficam cheias de famílias a procura de livros e o ar de carnaval chega acompanhado de outro evento importantíssimo em nossas vidas: a volta às aulas. Logo mais os uniformes e mochilas dos mais variados temas, os desenhos nas carteiras e os pátios cheios nas escolas voltarão a ser rotina. Voltamos ao trabalho.
    Início de ano é sempre gostoso pela expectativa que a época gera: novas turmas, novos desafios, novas práticas e a mesma vontade de sempre, ensinar e aprender bem. Iniciando a maratona de posts deste ano, o blog retorna com 5 dicas fáceis e interessantes para inspirar o começo de ano dos leitores. Cada dica explora um seguimento da prática profissional e não são exclusivamente ideias para o começo do ano. A todo e qualquer momento do ano letivo podem ser seguidas e/ou retomadas para deixar o trabalho pedagógico ainda mais efetivo.
    Ressalto que as dicas (e a maioria do conteúdo postado aqui no DN) são focadas principalmente no Ensino Fundamental 1, mas podem ser adaptadas para as outras modalidades de ensino.

1ª DICA - Aprimorar os conhecimentos sobre a faixa etária dos alunos 

 

    Talvez pareça óbvio e até patética uma dica dessas, mas é de suma importância ressaltar este tema. Com certeza muitos dos leitores já pesquisaram ou estão neste processo de pesquisa para poder lidar melhor com as turmas com as quais lecionarão no presente ano. No entanto, é muito mais comum se preocupar com as atividades a serem aplicadas e com os conteúdos a serem abordados do que com a faixa etária em que se está lidando. Mesmo tendo profissionais que trabalharão com o mesmo ano/ciclo/série que trabalharam nos anos anteriores, será muito útil a busca (ou retomada) do que os pensadores da Psicologia da Educação e da Neuroeducação têm a dizer sobre as fases de desenvolvimento das pessoas em idade escolar.
    Conhecendo as principais características da idade em que seus alunos estão ajuda a entendê-los melhor. Fica mais fácil compreender algumas dificuldades de aprendizagem e habilidades, o comportamento deles diante de determinadas situações (principalmente aquelas em que há conflitos) e as maneiras mais eficazes de intervir diante de um desafio.
    Mesmo sendo crianças e ou adolescentes, até mesmos bebês, cada idade/fase apresenta características que diversas vezes são únicas. Um exemplo está nas crianças de seis anos e cursarão o 1º ano do Ciclo de Alfabetização. Essa idade é muito marcada pelo egocentrismo, o desejo de beneficiar a si próprio. Muitas vezes este comportamento é visto como uma "falta de Educação", mas muitas teorias comprovam que a dificuldade no dividir e no partilhar é comum nesta fase e a intervenção necessária é estimular o companheirismo e a coletividade. Outro exemplo pode ser visto nas turmas de 5º ano do Ensino Fundamental 1, quando o senso responsável começa a ser despertado e submeter alunos assim apenas ao cumprimento e execução de ordens pode deixar a rotina tediosa e também conflituosa, a alternativa para isso é aproveitar o senso de "monitoria" que passa a ser desenvolvido nessa fase. As crianças de dez anos se sentem muito bem quando são responsáveis por algumas tarefas que os façam se sentir mais maduros. É claro que não podemos generalizar tudo a todos. Sempre haverão exceções.
     Sugiro aqui os tópicos que valem a pena uma pesquisa, já com links para uma olhadela rápida:


2ª DICA - Estabelecer um ritmo de comunicação constante com as famílias


    As famílias gostam muito de saber como estão seus filhos na escola mesmo quando não há reuniões e encontros na escola nos próximos dias. As reuniões de pais e professores tradicionais são ótimas oportunidades de estreitar as relações e as conversas agendadas também. No entanto, é possível deixá-los mais próximos ao cotidiano dos alunos mesmo se moram longe, se mostram ausentes e pouco participam ativamente da vida escolar dos educandos. Muitas vezes a iniciativa de ampliar essa interação pode partir do próprio profissional que está ministrando as aulas. Não é fácil, mas obter a disciplina de constantemente manter os responsáveis cientes do desempenho dos alunos pode garantir bons resultados. Há diversas maneiras e práticas para ampliar a comunicação com as famílias. Pode-se combinar com eles que serão convidados a vir até a escola para conversar sobre o aluno sem necessariamente haver uma situação limite, mas pode-se esbarrar nas dificuldades dos horários e compromissos que as pessoas têm hoje. 
    Um elemento muito útil é o bilhete escolar. Há um post no blog que aborda essa questão, mas a dica aqui é: estabelecer uma rotina de bilhetes semanais, quinzenais e/ou mensais que deixem as famílias por dentro do que está acontecendo. A maioria gosta muito. Dá pra fazer um bilhete padrão em que todos recebem e o professor apenas preenche para que fique mais ágil. Veja o exemplo:

COMO FOI MINHA SEMANA:

Realizou as atividades? (  ) Sim! (   ) Precisa melhorar.
Cuidou dos materiais? (  ) Sim! (   ) Precisa melhorar.
Evitou confusões com os colegas? (  ) Sim! (   ) Precisa melhorar.

Quem viu o bilhete: ___________________________________

    Esta prática requer um tempo para preencher os bilhetes e colá-los nas agendas dos alunos, não é fácil, mas é eficaz. É interessante combinar com as famílias quando os bilhetes serão enviados, para que servem e como eles podem ajudar diante dos resultados. Há muitos outros exemplos espalhados pela internet. 
    Enviar bilhetes com elogios é um grande incentivo para alunos e familiares. É bom tomar cuidado para que esta prática não vire "chantagem" e sim uma auto-avaliação para os alunos e mais uma alternativa de comunicação com as famílias.

3ª DICA - Ter um caderno-piloto na sala


    Quem está há mais tempo na carreira já conhece esta prática porque foi muito comum nas décadas passadas. Ainda hoje há escolas e profissionais que fazem uso do caderno piloto. Para quem não conhece pode ser algo bem legal. O caderno em questão é um material do professor em que estarão registradas todas as atividades aplicadas naquela turma durante o ano. Deve ser como um caderno do aluno, mas atualizado diariamente com tudo o que os alunos realizaram. É uma forma bem interessante de registrar e guardar as atividades aplicadas e também para rever e refletir sobre a prática. Como disse, há escolas em que esta prática faz parte do Projeto Político Pedagógico, mas naquelas em que não o professor pode fazer por conta. 
    Há duas maneiras de desenvolvê-lo (até onde eu conheço, rs). Uma é o próprio docente registrando e colando as atividades e outra é deixar que os próprios alunos as façam. Como? Cada dia ou a cada atividade um aluno pode fazer no caderno piloto ou reproduzir de seu caderno para ele. Vai da gestão de aula que cada profissional tem.
    O caderno-piloto é maravilhoso quando se registra em um determinado ano/ciclo/série, depois trabalha-se com outras idades e então retorna a lecionar naquele mesmo segmento. Dá pra retomar muitas coisas. 

4ª DICA - Elaborar uma rotina-piloto


    Aproveitando o assunto do caderno-piloto, uma boa pedida para auxiliar na hora do planejamento das aulas, atividades e conteúdos é elaborar uma rotina-piloto. A rotina em si já é essencial para facilitar a organização do planejamento na Educação, os alunos sabendo como funcionam os horários e as áreas do conhecimento já os deixam mais tranquilos e seguros. A diferença aqui é que a rotina-piloto  é uma organização fixa das áreas do conhecimento, dos eixos de cada área e dos tipos de atividades a serem aplicadas de forma que garanta as diversas práticas que os currículos exigem. Exemplificando, vamos pensar em Língua Portuguesa e seus eixos: Oralidade, Leitura e Escrita (em alguns locais o eixo Escrita é dividido em Análise Linguística e Produção de Texto, aqui vamos tratar apenas por Escrita mesmo).
     É fundamental que durante a semana haja atividades que contemplem os três eixos, mas como organizar? Pode-se definir dias certos para isso, veja só:

SEGUNDA-FEIRA: Atividades de oralidade e leitura
TERÇA-FEIRA: Atividades de Escrita (Ortografia ou gramática)
QUARTA-FEIRA: Escrita (Produção de texto)
QUINTA-FEIRA: Oralidade em outras áreas do conhecimento.
SEXTA-FEIRA: Leitura de textos

    Pode parecer que não, mas essa organização ajuda muito na hora de planejar e não esquecer de nada! É claro que em algumas situações é possível uma flexibilização e se a rotina tem problemas, deve ser repensada várias vezes até que tenha êxito.
    Veja abaixo as rotinas de alguns professores que já se usam deste procedimento e compartilham sua organização na web:




5ª Dica - Investir nas avaliações diagnósticas



    Tenho certeza de que alguns pensarão que esta dica pode ser descartável, mas insisto em reinvidica-la. Por mais que se fale e se escute dos benefícios da avaliação diagnóstica, seu potencial ainda é pouco explorado. Muitas avaliações ainda são aplicadas (!) de maneira apenas para verificar o que já foi trabalhado, o que foi aprendido. Esta prática não é um erro, mas precisa de um marco inicial que é a "diagnóstica". Investigar o que os alunos conhecem sobre determinado tema antes de tratá-lo com mais aprofundamento é essencial para que se sane as dúvidas que realmente surgem. Além do mais, com a diagnóstica é possível comparar os avanços no rendimento dos alunos. Embora os resultados de uma avaliação deste tipo possa ser "frustrante", tanto para os alunos como para o professor, ela mostra grandes detalhes de como o alunado lida com a atividade proposta. No entanto, apenas sondar e arquivar não vale. É preciso estudar e elencar as principais dificuldades. Há diversos instrumentais para isso como os Monitoramentos de aprendizagem, Mapeamentos cognitivos e outras tantas tabelas e listas que vão mostrando etapa por etapa o rendimento da turma. Criar uma rotina de avaliações em períodos (quinzenais, fim e começo de mês, etc) é uma excelente forma de se organizar e alimentar esses dados.

DICA BÔNUS - Acompanhar o DesordemNatural.com


    Pois é! Afinal em 2016, como em todos os outros anos, encontraremos diversos desafios e debates que permeiam a Educação e o blog está aqui para isso: contribuir para a sua formação! Toda semana terá conteúdos muito interessantes e sua participação é muito importante! Participe e entre em contato pelas redes sociais para enviar sugestões e dúvidas! Conte sempre com o blog!


*  *  *

    E este foi o primeiro post do ano! Espero que as dicas tenham sido realmente úteis. Se não forem, calma, ainda há muito mais por vir. Um bom ano letivo para todos!

Esses e outros abraços.

2 comentários

  1. Maravilhosas as dicas! Vou utilizá-las durante todo o ano! Obrigada pela ajuda!

    ResponderExcluir
  2. Excelentes dicas!
    Estou lecionando para uma turma do 5º ano. Utilizarei as dicas durante todo o ano.

    ResponderExcluir